domingo, 6 de julho de 2008

Arnaldo Viana x Rosinha Garotinho


Nesta eleição de 2008, muito provavelmente, teremos mais uma vez que optar entre o grupo de Garotinho, representado agora pela sua esposa e ex-governadora do Estado Rosinha, e o grupo do deputado e ex-prefeito Arnaldo Viana, representado pelo próprio.
Entre os blogs, com destaque para o conceituado prof. Roberto Moraes, é ponto pacífico que tal polaridade é falsa e que os dois grupos são, na verdade, "farinha do mesmo saco". Não podemos esquecer que o segundo nada mais é do que uma dissidência do primeiro.
Sem dúvida não dá para discordar que os dois apresentam sim uma falsa polaridade. Inegavelmente a práxis política de ambos é a mesma. Agora, uma coisa é essa constatação, outra é intuir, a partir dela, que um eventual governo Rosinha será como os governos Arnaldo/Mocaiber.

Sei que o anseio por mudanças mais significativas na política de Campos é grande, mas, não podemos permitir que ele anuvie a percepção das diferenças entre Garotinho e Arnaldo. Diferenças essas que são sutis mas existem.

A grosso modo acredito que garotinho seja movido por pura ambição de poder político e suas ações orbitam sempre em torno desta ambição. Já Arnaldo não me parece mais do que um oportunista, que se utiliza da política para realizar ambições de outra ordem. Em suma, o primeiro tem o poder político como fim e para chegar até ele, se for preciso, passa por cima de qualquer um. Já o segundo tem o poder político como meio para realização de suas ambições inconfessáveis.

Este "detalhe" pode não significar muita coisa, mas, depedendo do contexto político, pode sim fazer muita diferença. Ou seja, muitas futuras decisões de governo dependerão do pequeno "detalhe" de se ter o poder político como meio ou como fim.

O fato é que, sendo bastante realista, devo admitir que é muito provável que tenhamos mesmo que nos posicionar frente ao dantesco cenário de segundo turno com a "polaridade" Rosinha/Arnaldo. Para tanto, precisamos sim ser muito racionais e pragmáticos para tomar a "melhor" decisão para o município. O voto nulo, como o próprio nome diz, não acrescenta absolutamente nada.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Relaxar e gozar!?

Em uma de minhas freqüentes visitas ao conceituado blog do professor Roberto Moraes deparei-me com um comentário assinado pelo “Júlio JS/PDT”. Este comentário chamou minha atenção, não pelo seu conteúdo desprezível, mas pelas gravíssimas agressões à língua portuguesa. Era “nois” pra cá, “ela não pode ganha” pra lá...

Não resisti e postei um comentário sugerindo ao mesmo que se dedicasse um pouco mais aos estudos, para ampliar tanto sua capacidade de expressão quanto sua compreensão do mundo, sua consciência crítica.

Posteriormente o mesmo respondeu e, antes de apresentar mais algumas asneiras de seu vasto repertório, me fez a seguinte sugestão:

“Manoel relaxa e goza!”

Postei uma nova resposta para o “Júlio JS/PDT” e, com prazer, reproduzo-a abaixo:

“Aqui Júlio,
Sem dúvida, relaxar e gozar são boas coisas pra se fazer, no entanto, com e naquilo que é nosso.
Agora, relaxar e gozar as custas da angústia e do sofrimento da maior parte da população, que sofre pelos desmandos, descaso e incompetência de uma elite política, retrógrada, corrupta e burra!? Não dá cara!!!
Relaxar e gozar diante de um quadro de dilapidação irresponsável dos fartos recursos dos royalties, gastos com toda sorte de urgias e surubas políticas na farra dos shows de telhado de vidro?! Isso não é comigo!
Relaxar e gozar diante do desperdício gritante de nossa "chance de ouro" de construir um futuro melhor para nosso município, através de um projeto de desenvolvimento sustentável, que utilizasse o orçamento bilionário de hoje para preparar a nossa economia local para o fim dos royalties (tempo que pode ser muito antes do que muitos imaginam)!? Impossível!
É Júlio, neste quadro, pessoas normais não costumam ter "tesão" pra relaxar e gozar.
A não ser que...”

domingo, 29 de junho de 2008

Cenário dantesco

Infelizmente, as negociatas eleitorais - e o cenário dantesco que se desenha a partir delas - só fazem solapar nossa esperança de novos tempos para nossa Campos. Não sou dado a pessimismos, mas, inegavelmente, o que temos visto é desanimador, muito desanimador.
O fato é que a terceira via - que no horizonte utópico tinha tudo para ser uma avenida ampla, vistosa e plana - na prática não passou de uma ruela acidentada, pedregosa e sem saída, e que ficou pelo caminho.
Assim, o que se desenha para as eleições de 2008 não passa de um cenário limitado àquela "falsa polaridade" (nas palavras do prof. Roberto Moraes). Ou seja, apesar do "telhado de vidro" é "mais do mesmo" e nada mais.
Lamentável...

sábado, 28 de junho de 2008

Desabafo de um homem de fé

Nos últimos dias estive envolvido num debate sobre a existência de Deus, razão, fé, ciência moderna, design inteligente ou caos no universo etc. O papo desenrolou-se no blog A trolha do chacal (mais especificamente nos comentários da postagem "nova enquete" sobre ser ou não ateu.)
Ao longo deste processo o que mais chamou minha atenção foi a estéril proposição de "provar" a existência ou não existência de Deus. Ora, se de fato procurarmos ser minimamente racionais não será difícil perceber que tal coisa não faz o menor sentido, e por um motivo muito simples: a questão é inválida logicamente desde a sua formulação.
Na verdade, este tipo de proposição é típica de ateus e materialistas (no sentido filosófico claro) que tentam restringir o debate à sua arena. Obviamente, dentro do seu universo conceitual, conhecimento válido é tão somente aquele que pode ser "provado" de acordo com o paradigma da ciência moderna. Não há espaço aqui para outras modalidades de conhecimento.
Da mesma forma não há espaço para fé, para Deus, para o sobrenatural, para o metafísico, para o místico. Dentro deste universo conceitual todas essas coisas estão com os dias contados diante do avassalador avanço da ciência. Portanto, a proposição de "provar" a existência de Deus nada mais é do que uma armadilha capciosa para atrair os homens de fé para um campo onde sua fé perderia o sentido.
O que não consigo entender é a obsessão por provar a (in)existência de algo que não cabe em seu universo conceitual. Ora, Deus pertence ao campo do metafísico, do sobrenatural e está ligado à modalidade de conhecimento da fé, portanto, não deveria sequer constituir uma questão - para ateus e materialistas - a "prova" de sua (in)existência, pois, sua nulidade já está implícita.
Antes de se preocupar com Deus e com os que nele acreditam, os cientistas ateus e materialistas deveriam se concentrar mais nos problemas, dificuldades e paradoxos de seu próprio campo conceitual, que não são poucos diga-se de passagem.
Alguns pedidos aos ateus e materialistas:
1) Sejam mais racionais e esqueçam aquilo que pensam não existir;
2) Não venham "encher meu saco" com seus filtros conceituais cerceadores da liberdade de pensamento. Deixe-me em paz com minhas crenças "ridículas", "delirantes" e "fantasiosas" e acreditem, elas me preenchem e realizam existencialmente, estou muito feliz assim;
3) Não venham me impor seu paradigma conceitual como uma verdade absoluta e suficiente, vociferando o que é válido ou inválido, aceitável ou inaceitável, verdadeiro ou falso. Compreendam e aceitem: MUITOS GOSTAM DE PENSAR PARA ALÉM DESTES LIMITES!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Prefeitura em campanha contra o TAC

Nosso vergonhoso desgoverno municipal não cansa de substimar nossa inteligência. Para ilustrar reproduzimos abaixo parte de uma "notícia" recentemente veiculada pelo site oficial da prefeitura:

"TAC também ameaça Fundação da Infância
Por Michelle Mayrink
O corte de 40% dos funcionários terceirizados da Prefeitura de Campos promete afetar drasticamente a execução de projetos e programas da Fundação Municipal da Infância e da Juventude (FMIJ), que oferece a cerca de 4 mil crianças e adolescentes, de 0 a 18 anos incompletos, atendimentos médico, odontológico, orientação para estudos, refeição, atividades esportivas, sócio-culturais e semi-profissionalizantes. (...) Na Fundação, 40% equivale a 80 funcionários, que são de fundamental importância para as ações desenvolvidas por meio de projetos, programas e abrigos (...)."
O que mais impressiona é o completo descaramento com que distorcem a verdade na intenção de defender o indefensável. Pelo que me consta, a justiça apenas exige que a prefeitura corte 40% do pessoal contratado. Isso não significa, necessariamente, que cada fundação tenha que cortar este percentual de funcionários.
O que fica evidente é a estratégia do Macabro - na expressão do espirituoso xacal - de tentar manter todos os contratados, pelo menos até o fim de seu mandato, sensibilizando a opinião pública com falsos argumentos de que a população, sobretudo a mais carente, é que será prejudicada com o referido corte.
Ora, não precisa ser muito inteligente - basta não estar cooptado pelo poder - para perceber que a manutenção destes contratos não passa de um estrategema político-eleitoral para assegurar a permanência da "mamata" para os que aí estão. Basta lembrar que os serviços públicos, mesmo sem o corte, já estão deixando muito a desejar, e a bastante tempo.
Resumindo, a estratégia é a seguinte:
1) Tentar manter os todos os contratos sob a alegação que são fundamentais para a manutenção de serviços públicos essencias (mentira, pois está muito bem comprovado pela justiça que grande parte destes contratos são de fatasmas/cabos eleitorais);
2) No caso do corte se revelar inevitável, deixar o ônus político para RH e ter a desculpa pronta para a péssima qualidade dos serviços públicos. Nesta hipótese, provavelmente, os que serão demitidos são aqueles que de fato estão trabalhando, pois, os fantasmas/cabos eleitorais, estes certamente ficarão. De quebra, com a economia na folha sobrará mais dinheiro para a campanha.
Como diria Sherlock Holmes
"Elementar meu caro Watson!"

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Tropeçando nas próprias pernas

O 11 de março se afasta a cada dia e a esperança de um futuro político melhor para nossa Campos parece acompanhá-lo. Na prática, os meandros do nosso sistema judiciário mais uma vez, paradoxalmente, parecem inviabilizar, através dos foros privilegiados e do famigerado trânsito em julgado (mais lento que o paulistano na hora do rush), a consolidação da justiça. Já sentimos o odor da grande pizza sobre o telhado de vidro sendo servida pelo STJ, porta-voz de um sistema construído para tropeçar nas próprias pernas.
Sendo assim, não há como imaginar o sucesso de uma terceira via (que sequer conseguiu se efetivar) num cenário inalterado de um governo corrupto sustentado em contratações espúrias, desvio de dinheiro público e obras superfaturadas. Tudo indica que "a velha e falsa polarização" - na expressão do prof. Roberto Moraes -, salvo um milagre ou coisa afim, permanecerá no poder.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A moral e a política I

Sem dúvida falar sobre a questão da moral não é tarefa fácil. Não é possível abordá-la sem considerar devidamente um conjunto de aspectos que perpassam de algum modo a temática.

Iniciemos pela definição. O conceito de moral, para os fins deste artigo, poderia ser:

1) o conjunto de regras de conduta que regem uma sociedade;
2) conjunto de princípios e valores que regem as normas sociais;

Pois bem, partindo destas duas acepções podemos inferir, entre outras coisas, que o tema apresenta, pelo menos, dois níveis bem delineados de abordagem.

Num primeiro nível, mais superficial, a questão da moral circunscreveria-se as regras de conduta ou normas sociais que regem a sociedade. Portanto, em primeiro plano estariam as regras que acabam por ser naturalizadas ou absolutizadas. Ou seja, o foco de análise é extrínsico e reduz-se a adequação ou não dos comportamentos individuais ou coletivos à normativa moral vigente.

De modo geral, neste primeiro nível, a essência da moralidade ou imoralidade, ou seja, seus determinantes intrínsecos, acabam não sendo devidamente explorados. O importante seria assegurar que as regras de conduda existentes sejam observadas, pelo menos aparentemente, por "todos" (leia-se pelos outros). Aqui está o terreno fértil da hipocrisia, do puritanismo vazio, do falso moralismo barato. É nesta superficialidade moral que se cobra do político no macro o que não fazemos no micro. Este é o conhecido mundo das aparências e dissimulações onde o problema não é o que se faz mas o que podem descobrir do que se faz.

Na segunda acepção de moral apresentada acima entramos num outro nível de abordagem. Agora a análise aprofunda-se numa discussão de cunho mais filosófico e existencial e vai no sentido dos princípios e valores que servem de determinante para um conjunto particular de normas sociais ou regras de conduta.

Agora não basta definir o conjunto de regras ou normas de conduta que precisam ser seguidas por todos (mas que se cobra apenas do outro), é preciso enfrentar o terreno nebuloso das determinações da moral (ou da falta dela), de sua psicogênese pessoal e social. Neste nível não se pode evitar o enfrentamento com a investigação das motivações últimas da ação humana e, neste particular, faz-se necessário buscar algumas respostas para a velha sempre nova questão da liberdade x determinismo.

Aqui é o terreno dos valores, dos princípios, das crenças, das concepções de mundo e da vida que estão na origem das ações de cada um de nós. Aqui importa muito mais o que realmente somos e não o que queremos que pensem que somos. Em suma, neste nível de análise a prática da imoralidade seria um problema para o homem, não porque chegou às manchetes, mas porque possui, ou deveria possuir, potencial para gerar crises agudas na consciência.
Mais adiante daremos prosseguimento ao tema.